Desde a infância, Jades Daniel Nogalha era incentivado por seus pais a pensar sobre questões de sustentabilidade e consumo consciente. “Eles sempre tiveram a preocupação do tempo que ia demorar no banho e de consumir apenas o necessário”, conta como exemplo.
Professor da C.E.F. (Centro de Ensino Fundamental) 418 de Santa Maria, no Distrito Federal, e formado em Estudos Sociais com habilitação em História e Geografia, Jades levou conceitos sobre estes temas para seus alunos desde o primeiro dia em que entrou em sala de aula. Porém “não sabia a melhor forma que poderia passar isso
para eles”.
Também foi questionado por outros profissionais que os temas sobre sustentabilidade, levados por ele para a sala, não faziam parte do conteúdo da sua disciplina. “Respondi que a questão da conscientização vai muito além do conteúdo. Não é preciso chegar na questão prática, como o caso da crise hídrica, para eu falar e debater em sala de aula sobre o assunto.”
E foi em um compartilhamento de amigos no Facebook que ele conheceu o Edukatu e começou a utilizar a rede como principal ferramenta em sala de aula. “O bacana do Edukatu é que ele é interativo, cheio de vídeos e jogos, e mostra para nossos alunos que o conhecimento está muito próximo deles. É assim que o aluno aprende, quando cria o gosto pela aprendizagem e leva questões da aula para o dia a dia.”
Depois disso, percebeu que os alunos estavam empolgados. Foi além e os incentivava a fazer todas as atividades propostas, entre eles, os desafios “De onde vêm as coisas?” e “Piquenique sustentável. ”Somos uma escola da periferia e, no começo, foi difícil incentivar a participação nos desafios. Eles tinham a ideia de que nunca iam olhar para eles ou que iam ganhar alguma coisa.” Foi aí que o professor levantou mais uma questão. “Começamos a conversar sobre a ideia da competição em si e do que aquilo ia trazer para nós. Eles mesmos chegaram à conclusão de que o mais importante era o conhecimento.”
Uma das atividades mais queridas pelas suas alunas e alunos que tem, em média, 12 anos, foi o terrário. Em que eles, com uma garrafa PET, fita crepe, terra, plantas, pedrinhas de aquário e carvão, analisavam o ciclo da água. Jades encontrou a atividade na área “Edukateca” do site e apenas falou para seus alunos no final da aula: “Amanhã vamos fazer um terrário.”
Muitos deles questionaram do que se tratava, mas ele preferiu deixar que a iniciativa da resposta viesse dos próprios alunos. “Eu sei que eles vão chegar em casa ou numa lan house e pesquisar na internet do que eu estava falando. Este é meu objetivo: despertar. A educação de hoje não desperta tanto no aluno aquela vontade de aprender mais. E não deve ser assim. A educação deve caminhar bem próxima. Educar não é forçar o aluno a aprender o que você quer. É estimular ele a ir atrás! Só assim vamos mudar e melhorar a educação.”
Outra atividade em que ele destaca o engajamento de seus alunos foi um debate sobre o que não gostavam na escola. Uns falaram do lixo no chão, do barulho que vinha da rua, das árvores que estavam descuidadas e de uma alimentação nada saudável no recreio. “As informações vinham deles e fomos debatendo. Eles começaram a pedir vídeos sobre estes assuntos e formaram pequenos grupos de acordo com seus interesses sobre o que gostariam de mudar.”
Com as dicas de vídeos do Edukatu, começaram a cuidar das árvores, recolher e separar o lixo e a pedir uma merenda mais saudável. O que levou a própria escola a mudar o que era oferecido no recreio. “A escola não tinha nenhuma atividade sobre sustentabilidade e começou a receber visibilidade, porque todo mundo perguntava o que estava acontecendo ali”, comemora.
Depois de levarem as mudanças para a escola, os alunos começaram a mudar também o que acontecia dentro de suas casas. Cobravam que os pais comprassem mais frutas para levarem de lanche e começaram também a questionar a origem dos produtos. “Minha aluna Larissa Gomes tomou a atitude de ir atrás de listas para saber quais empresas maltratavam os animais. Levava esta lista para o supermercado com os pais para que eles não comprassem aqueles produtos. Os alunos começaram a trazer ideias diferentes que iam além das atividades propostas. Modificaram suas casas e a comunidade também. No frio, eles começaram a fazer campanha no bairro para arrecadar agasalhos, por exemplo.”
Jades comemora os avanços da turma e vai recomeçar, em 2015, com seus novos alunos, seu trabalho de conscientização para “criar um cidadão criativo, consciente e questionador”. Além de continuar utilizando os planos de aula, vídeos e outros materiais do Edukatu, ele também vai acompanhar os antigos alunos na rede e nos dois grupos que criou no Facebook.