Por Criativos da Escola, Porvir
Incentivados pelo professor de História Levi Jucá, os alunos da Escola Menezes Pimentel, de Pacoti (CE), criaram uma expedição inspirada na Comissão Científica de Exploração Imperial, que foi enviada para a região no século 19 para explorar a fauna, flora e costumes locais.
Pacoti é considerada uma “Ilha verde” de Mata Atlântica em pleno sertão cearense. Logo no início do projeto, os alunos envolvidos conduziram uma pesquisa, na qual constataram que a maioria da população não sabia falar sobre a história e as riquezas naturais da região. Conceição Soares, 16 anos, uma das integrantes, conta da surpresa que teve ao descobrir que não conhecia as belezas de onde mora: “Nem a gente mesmo conhecia a nossa cidade, não tinha noção da riqueza que a gente tinha no quintal de casa”. Antes de partirem para a ação, foram criadas cinco equipes com temas inspirados na antiga Comissão Imperial: botânica, geológica e mineralógica, zoológica, astronômica e geográfica, etnográfica e narrativa de viagem.
O resultado do processo foi tão rico que os alunos, enfim, chegaram ao problema que os motivou a seguir: o que fazer com tudo isso que descobrimos e registramos? Como devolver à população tudo o que aprendemos?
O processo todo foi de muito aprendizado. Em reuniões semanais, os alunos discutiram e planejaram as expedições; realizaram e mapearam as trilhas ecológicas, nas matas serranas, e as de memória, pelas ruas da cidade; participaram de oficinas sobre metodologia científica, história e memória local, biologia e museologia; catalogaram espécies raras da flora e da fauna e coletaram objetos antigos por meio de doações. Foi em meio a esse processo que nasceu a ideia do Ecomuseu.
O grupo organizou algumas visitas técnicas a museus e outros espaços culturais da região e da capital e decidiu criar o primeiro Ecomuseu de Pacoti. Com a ajuda de um engenheiro da comunidade, fizeram o projeto ecológico – o primeiro museu de plástico do país – e conseguiram a doação de um terreno pela Universidade Federal do Ceará.
O grupo teve que enfrentar diversos obstáculos até finalmente ter o trabalho reconhecido. “Nos primeiros encontros as pessoas apontavam o dedo e diziam que não íamos conseguir, que seria que nem os outros projetos, que não saem do papel”, conta Ana Laura Abreu, 15 anos, membro da equipe. Além de ter ganhado o Desafio Criativos da Escola, os jovens conquistaram em novembro de 2015, o primeiro lugar no IV prêmio Ibero- Americano de Educação e Museus e, finalmente, o sonho da turma vai se concretizar: o primeiro ecomuseu de Pacoti será finalizado.
Enquanto o Ecomuseu não é inaugurado, os alunos estão organizando exposições abertas ao público dentro da própria escola, nas quais decidem as temáticas, organizam o acervo e realizam visitas guiadas. Mas claro, já pensam no futuro grandioso do Ecomuseu. “Esse museu não vai ser só nosso, do Jovem Explorador, nem da nossa cidade, ele vai ser do Brasil e do mundo inteiro”, afirma Charles Miller de Souza, 16 anos.
Nas palavras do grupo: “Ser um jovem explorador foi, e tem sido, para nós, algo extraordinário na medida em que aguça nossa criatividade e curiosidade para pesquisar ainda mais. Transformados, confirmamos que ‘só amamos aquilo que conhecemos’, sentindo como hoje valorizamos mais nossa escola, cidade, região, a rua e a casa em que moramos, reconhecendo os passos dados pelos nossos antepassados até o presente”.