A alta heterogeneidade dos ecossistemas, distribuição populacional e estilos de vida no País como um todo faz com que as mudanças climáticas apresentem manifestações muito diferentes, dependendo da região e do tipo de fenômeno físico.
O número de pessoas deslocadas internamente aumentou significativamente em 2019 devido às consequências ambientais das alterações climáticas. O Internal Displacement Monitoring Center (IDMC) mediu cerca de 200.000 migrantes de desastres ambientais no Brasil nos últimos anos.
Assim, a questão do deslocamento climático não se limita ao aquecimento global ou à seca que afeta o Nordeste; o tema toca em questões de insegurança alimentar, desmatamento, direitos humanos e desigualdade de gênero entre os deslocados.
No século XX, o êxodo rural, característica da migração rural-urbana, esteve relacionado a fatores como a concentração de proprietários de terras, fatores ambientais e a busca por melhores condições de vida nos centros urbanos. Nas décadas de 1970 e 1980, essas migrações para as cidades se intensificaram, gerando desequilíbrios como dificuldades na saúde pública, contexto econômico e político.
Períodos de estiagem ou estiagens prolongadas agravam o processo de desertificação do solo, aumentam o custo da agricultura e inviabilizam algumas atividades rurais geradoras de renda e alimento. Não é por acaso que a seca é um dos principais motivos do aumento da migração para outras regiões.
A falta de financiamento adequado para as atividades produtivas dos pequenos produtores é excludente. Nesse caso, a interação entre mudança climática e deslocamento, devido a questões ambientais e suas ligações com a insegurança alimentar, precisa ser entendida como uma cadeia de relações. E essa agregação de fatores deve render novos mapeamentos, análises de cadeias de eventos e, por sua vez, criar meios de regulação mais abrangentes.
É importante repensar a integração de políticas assistencialistas e de acolhimento. Além disso, a reestruturação das políticas de geração de renda e emprego de forma ampla e inclusiva pode ser uma alternativa. Por fim, o debate sobre mudanças climáticas nas escolas pode ajudar os estudantes a conhecerem melhor o tema, e incorporar cada vez mais cedo novos hábitos para o combate à crise climática e colaborar para um planeta mais sustentável.
Um outro ponto, é que o debate com os alunos sobre as consequências das mudanças climáticas demonstra o quanto precisamos repensar nos hábitos para colaborar com a sustentabilidade da vida no planeta. As pequenas atitudes como economizar energia, preferir transporte limpo, plantar árvores, dentre outras ações ajudam muito a minimizar os gases do efeito estufa (GEE) e reduzir o aquecimento global.
Nesse caso, entende-se, cada vez mais, a interdependência entre as pessoas e o meio ambiente, pois somente por meio de um olhar sistêmico podemos compreender como essas relações afetam as comunidades, o sistema educacional, as famílias e os indivíduos. Essa é uma visão que implica uma responsabilidade pessoal e social em relação ao meio ambiente e a um futuro sustentável, para que as gerações atuais e as próximas tenham uma vida digna e de bem-estar.
Referências
Migrações internas e mudanças climáticas. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2022/06/11/analise-caos-no-clima-gera-aumento-das-migracoes-internas-e-requer-atencao.
Migração e mudança climática em América Latina. Disponível em: https://remhu.csem.org.br/index.php/remhu/article/view/247/229.
21/07/2022