Benjamin Chavis, líder afroamericano de direitos civis, cunhou o termo "Racismo Ambiental" em 1981. Na época, o contexto era de manifestações do movimento negro contra as injustiças ambientais nos Estados Unidos, onde o conceito surgiu.

O termo é definido como “discriminação racial na elaboração de políticas ambientais, aplicação de regulamentos e leis e exclusão de pessoas negras da liderança dos movimentos ecológicos”. Ainda faz referência para qualquer prática, política ou diretiva que gere desvantagens (intencionais ou não) a indivíduos, grupos ou comunidades de acordo com a etnia ou cor.

São exemplos de racismo ambiental: regiões específicas sem saneamento básico, o despejo de resíduos nocivos à saúde em regiões de maior vulnerabilidade social, a exploração de terras pertencentes a povos locais e a grilagem.

Outro ponto a destacar é a falta de políticas públicas que impeçam esse cenário de exclusão. Diante de um contexto de desigualdades, a falta de acesso aos serviços públicos básicos e o despejo de dejetos em determinados lugares reforçam a discriminação sofrida por grupos específicos. Os eventos extremos, como alagamentos e incêndios, têm ocorrido com maior frequência em lugares mais vulneráveis, que normalmente possuem uma população que colabora positivamente para o meio ambiente, como é o caso dos povos originários e tradicionais.

Neste cenário, é preciso refletir e colocar em prática hábitos que colaborem e fortaleçam a luta contra o racismo ambiental. Além de cobrar determinados órgãos para políticas públicas inclusivas e justas, exige também repensar nossos modelos e estilos de vida e a nossa relação com o mundo, cultivando o respeito aos modelos e as culturas adotados pelas populações originárias do planeta, as quais possuem um estilo de vida mais sustentável, com o cuidado latente do planeta, favorecendo a preservação e a conservação ambiental.

A adoção de estilos sustentáveis de vida deve ser voltado à defesa dos direitos das gerações atuais e futuras, à saúde ambiental do planeta, à proteção da sociodiversidade, à equidade de direitos dos gêneros, à visão de que justiça ambiental para todas as espécies vivas e para todos os sistemas ecológicos do planeta.

Todos nós podemos nos fortalecer no combate ao racismo ambiental. Como?

O conceito de racismo ambiental relaciona ambiente, desigualdades e população vulnerabilizada. Para combatermos o racismo ambiental, possuímos papéis importantes para a vida (saudável e sustentável) no planeta, evitando impactos negativos para o meio ambiente e para todos, em principal, os grupos que estão em situações de maior vulnerabilidade. Os nossos hábitos, quando centrados no consumo consciente, colaboram positivamente para evitar eventos extremos, por exemplo. Vamos colocar novos hábitos em prática?

— Evite o desperdício de alimentos reaproveitando o máximo de resíduos orgânicos;
— Antes de adquirir um novo produto e/ou serviço, repense se realmente precisa dele;
— Escolha meios de transporte com melhor impacto;
— Descarte corretamente os resíduos e, se possível, destine para a reciclagem;
— Busque entender as questões ambientais que envolvem o seu bairro e veja como pode colaborar.

Livros para abordar o tema de racismo ambiental em sala de aula

Além dos hábitos, é claro que abordar o tema em diferentes espaços colabora muito para que outras pessoas tenham consciência desse contexto. Os livros são grandes potências para o desenvolvimento de debates sobre temáticas importantes como o racismo ambiental. Seguem algumas dicas:

(1) Racismo ambiental: o que é isso? - Selene Herculano
(2) O que é justiça ambiental - Henri Acselrad, Cecília C. A. Mello e Gustavo N. Bezerra;
(3) O ecologismo dos pobres - Joan Martínez Alier
(4) Futuro ancestral - Ailton Krenak
(5) Sustentabilidade ambiental: Uma Questão de Consciência

Além disso, você pode colaborar cobrando o posicionamento e investimento de órgãos públicos para combate ao racismo ambiental. É possível também ajudar com doações de roupas, produtos de higiene e alimentos para pessoas em situações de maior vulnerabilidade, principalmente após eventos extremos. Busque pesquisar como esse tipo de ação tem ocorrido em sua cidade e colabore, sempre que puder.

Referências

Racismo ambiental é uma realidade que atinge populações vulnerabilizadas. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/racismo-ambiental-e-uma-realidade-que-atinge-populacoes-vulnerabilizadas/. Acesso em: 20 de março de 2023.

Racismo Ambiental. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/racismo-ambiental/. Acesso em: 20 de março de 2023.

Quem precisa de justiça climática?. Disponível em: https://generoeclima.oc.eco.br/lancamento-quem-precisa-de-justica-climatica-no-brasil/. Acesso em: 20 de março de 2023.

21/03/2023

Publicado por Moderador edukatu
das Equipes Conhecendo o Edukatu

8 Comentários

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Fatima

Sim, precisamos urgente falar sobre o racismo ambiental,ainda mais nas comunidades periféricas.

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Fatima

As necessidades são inúmeras onde moro,córregos,sem tratamento,desmatamentos,lixo.

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quase 2 anos

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Fatima

Os nossos recursos naturais estão cada vez sofrendo a especulação imobiliária.

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Fatima

Essas fortes chuvas ouve deslizamentos com fatalidades

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quase 2 anos

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Fatima

Temos nascentes sendo soterradas.

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JOÃO

Devemos combater todas as formas de racismo

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GUILHERME

concordo devemos combater o racismo ambiental

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Vanessa

Muito interessante a expressão "racismo ambiental", não conhecia mas visualizo em muitos bairros de São Paulo.

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mais de 1 ano

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