Crédito: Denise Coldebella e Inês Desanti
Por Marta Moraes, Ministério do Meio Ambiente
“Adoro vir às aulas do Programa Trilha do Saber na Escola, porque são sempre dentro da floresta e aprendemos muitas coisas sobre a natureza”. O depoimento do estudante do 4º ano Alencar Souza, de Pinhalzinho (SC), traduz bem o sentimento das crianças com a iniciativa. Implantado a partir de novembro de 2011, no município catarinense, inicialmente como projeto piloto, o programa fez tanto sucesso que foi incorporado, a partir de 2014, à grade curricular da rede municipal de ensino. Anualmente são atendidos um total de 720 crianças e pré-adolescentes do Pré III ao 5° ano do ensino fundamental.
O Trilha do Saber na Escola integra um programa mais abrangente, que possui nome similar (Trilha do Saber), e que já foi agraciado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) com o Prêmio Boas Práticas em Sustentabilidade Ambiental Urbana, em 2012, no tema “Áreas Verdes Urbanas e Gestão de Áreas de Preservação Permanente”. Em 2013, a iniciativa recebeu a indicação para constar no Bright Green Book – “O Livro Verde do Século 21”, do instituto Smart City Business em conjunto com a ONU Habitat. Recentemente, em 2016, foi condecorada como referência para a inovação e a criatividade na educação básica pelo Ministério da Educação.
Trata-se de um programa de educação ambiental, pesquisa científica e preservação ambiental. Sua infraestrutura é composta por uma trilha interpretativa de educação ambiental e um centro interpretativo, com espaços adaptados a cadeirantes e pessoas com deficiência visual, localizados no principal parque da cidade, que recebe o nome de EFACIP.
NA ESCOLA
O objetivo principal do Trilha do Saber na Escola é sensibilizar os alunos, professores e público indireto para o cuidado com o meio ambiente local e regional. O intuito é promover o conhecimento, valorizar e preservar a natureza. Os encontros são quinzenais, com cada turma, e possuem duração de uma hora e trinta minutos. Durante os encontros, as crianças são acompanhadas pela bióloga Denise Coldebella. “As aulas são bem legais, pois além de aprender podemos ouvir o som de aves diferentes”, afirmou o estudante da 4ª série Kauan Telles. Atualmente o programa é mantido 100% pelo governo municipal de Pinhalzinho, através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura.
Segundo a secretaria municipal de Educação e Cultura do município, Ivanda Bach, desde o início, o programa vem procurando proporcionar aos estudantes, e para a comunidade em geral, uma educação ambiental crítica e transformadora, estabelecendo uma nova concepção de ensino-aprendizagem.
A visita à trilha inclui aulas expositivas, envolvendo práticas lúdicas, não lúdicas e recursos audiovisuais. As temáticas ambientais trabalhadas são interligadas e englobam os seguintes assuntos: biodiversidade da região oeste catarinense, desmistificação de animais silvestres, espécies exóticas invasoras, tráfico e caça de animais silvestres e os cinco R´s (Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Recusar).
COMUNIDADE
Além do trabalho nas escolas, o Trilha do Saber desenvolve um programa de visitas monitoradas voltado à comunidade, de diferentes faixas etárias, propiciando o contato e o conhecimento a respeito de diversas temáticas ambientais, destacando-se a biodiversidade da região oeste catarinense.
De 2013 a 2015 foram atendidas 3.860 pessoas, entre professores, acadêmicos do ensino superior e colaboradores de empresas privadas, além de alunos e professores dos mais variados níveis de escolaridade. “Nessas visitas, os grupos atendidos são, na maioria, de outros municípios, evidenciando o alcance que o programa está tendo fora daqui”, afirmou o biólogo responsável pelo Trilha do Saber, Robelei Pieper.
Segundo ele, é importante destacar que a trilha interpretativa de educação ambiental acontece em um pedacinho do que resta da Mata Atlântica. “E, nesse espaço, podemos testemunhar a todo o momento a riquíssima biodiversidade do bioma”, enfatizou ele.
AVANÇOS
Sobre os resultados, o biólogo destaca que num programa como esse é extremante difícil mensurá-los, tendo em vista que as atividades desenvolvidas pelo Trilha do Saber muitas vezes não são perceptíveis num primeiro momento. “É diferente de um asfalto, por exemplo, em que o cidadão pode perceber nitidamente seu início, meio e fim. Em educação ambiental os resultados podem parecer lentos, mas farão a diferença na sociedade e no meio ambiente em um futuro muito próximo”, afirmou.
Mas os resultados vêm aparecendo sim. A mudança na área onde está localizada a trilha de educação ambiental é visível. “Se analisarmos o local do parque nos últimos anos, percebemos que era uma área que sofria muito pela ação do homem. Atualmente, é perceptível o cuidado e o respeito da maioria das pessoas ao transitar pelo local”.
Entre os projetos para o futuro do Trilha do Saber estão: um acervo digital botânico da trilha de educação ambiental; um laboratório de taxidermia; e conclusão do Jardim Evolutivo. “Nossa intenção é que este seja (a exemplo da maioria dos espaços temáticos da Trilha do Saber) adaptado a cadeirantes e deficientes visuais”, conclui ele.