Quanto você gasta de água por dia? Para fazer esse cálculo, você com certeza irá pensar na água usada para ações do cotidiano, como tomar banho, preparar a comida ou lavar roupas – os gastos que aparecem na conta do final do mês. Mas também existe um gasto invisível da água que é usada durante a produção daquilo que você consome.

Pense no smartphone, por exemplo. Um dos principais objetos de desejo da atualidade costuma ser trocado rapidamente por modelos mais atuais com novas funções. Um único smartphone genérico consome 12.760 litros de água em sua produção*, quantidade equivalente à transportada por um caminhão-pipa médio.

A agricultura, por exemplo, é responsável pelo maior consumo de água no mundo, segundo a ONU. A irrigação consome 70% da água doce disponível no planeta – no Brasil, o percentual é 60%, segundo a Agência Nacional das Águas. Por dia, cada pessoa consome de 2 mil a 5 mil litros de “água invisível” contida nos alimentos que come, de acordo com a ONU.

Para chegar a esses números da “água invisível”, os pesquisadores analisam toda a cadeia de produção de um bem de consumo – é importante saber que os cálculos são baseados em padrões, que variam conforme os processos e região de cada produtor.

Melhorar os processos de produção, para conseguir usar a água de forma mais eficiente, é um dever (e interesse) das empresas – mesmo porque não é vantajoso para elas que fiquem tão dependentes de um recurso cada dia mais escasso. As políticas públicas também devem refletir a preocupação de evitar desperdícios hídricos e garantir a preservação dos mananciais.

O consumidor também pode fazer a sua parte. Veja algumas dicas para você e sua família evitarem o desperdício desta “água invisível”:

• Antes de fazer qualquer compra, reflita sobre a necessidade de adquirir um novo item. Pense se você não pode pegar o item emprestado, comprar o produto usado (e mais barato!) ou fazer uma troca com outra pessoa. Com isso, você evita o impacto negativo da produção de novos itens e economiza dinheiro!
• Promova uma feira de trocas com os amigos e familiares; inúmeros artigos como roupas, acessórios, bijuterias, livros, entre outros, podem ser reaproveitados e ganhar uma nova vida nas mãos de outra pessoa.
• Dê preferência aos itens duráveis do que os descartáveis.
• Faça o uso compartilhado de bens e serviços. Se possível, alugue-os temporariamente ou combine o uso comunitário, entre várias pessoas.
• Produtos concentrados, como de higiene ou limpeza, utilizam menos água em sua produção.
• Dê preferência aos alimentos produzidos próximos ao local onde você mora e compre aqueles que são da estação, pois isso fará com que durem mais e não haja desperdício.
• Planeje o cardápio da semana antes de ir ao mercado ou à feira, isso evitará compras desnecessárias. A produção de alimentos consome muita água.
• Na hora da refeição, sirva-se com consciência. Não encha demais o prato para não desperdiçar.
• Sobrou comida? Resfrie ou congele a tempo e consuma depois.
• Aproveite também aqueles legumes, vegetais e frutas “feios”. Apesar da aparência, você pode aproveitar as partes que ainda estão boas.
• Organize bem a geladeira e a dispensa, para que você não “esqueça” alimentos que não estão à vista.
• Aproveite cascas, sementes, talos e folhas de legumes, verduras e frutas. Essas partes que muitas vezes são jogadas também têm nutrientes e podem ser aproveitadas em inúmeras receitas.
• Diminua o consumo de carne bovina, que exige muita água em sua produção. Você não precisa cortá-la de sua dieta, mas pode consumi-la com menos frequência – e assim diminuir o impacto negativo de sua produção no meio ambiente e, consequentemente, na vida das pessoas.

*Relatório Mind your Step, feito pela Trucost e encomendado pela Friends of the Earth