As comunidades tradicionais são o ponto de partida e de chegada para processos de conscientização, uma vez que elas vivenciam diariamente as dinâmicas ambientais, seus benefícios imediatos e males socioambientais. Seus integrantes podem apontar problemas e desenvolver rotineiramente estratégias cotidianas para superar as dificuldades, além de formarem grupos com grande potencial de protagonismo para engajar e multiplicar conhecimentos.
São eles que mais pressionam as instituições públicas para que as políticas avancem em seus territórios. Dadas as limitações sociais e a heterogeneidade cultural do nosso país, atender com participação ou se organizar coletivamente para ter um papel ativo como cidadão não é uma tarefa fácil. Portanto, a comunidade pensa para além da comunidade escolar: ela desenvolve diferentes trocas de saberes, proximidades e ações com todos os seus integrantes.
Comunidades indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, extrativistas etc. são grupos que atuam de forma concreta na construção de modelos de desenvolvimento sustentável, embora, muitas vezes, sejam socialmente excluídos ou excluídos dos processos de tomada de decisão.
Esses povos tradicionais dependem diretamente dos recursos naturais e vivem em regiões mais vulneráveis ??às mudanças ambientais. Eles são diretamente atingidos por mudanças climáticas, variações na produtividade agrícola ou no declínio no número de espécies vegetais e animais.
Esse conhecimento tradicional é essencial para a construção de políticas públicas transformadoras voltadas à proteção do patrimônio ecológico e deve ter uma relação direta com as comunidades que dependem e se relacionam com determinados ecossistemas em seu cotidiano.
Nesse sentido, compreender a especificidade e as características ambientais dos grupos locais, tecendo o diálogo, a valorização da experiência e a compreensão das barreiras é imprescindível, pois não existe um modo de vida único. Assim como a natureza, existem diferentes invenções, relações e criações que formam diferentes tempos e espaços. Ainda, a comunidade será a parte que manterá a mão na terra para sempre.
É preciso abrir espaço para que essas vozes se expressem, permitam suas imaginações e recuperem memórias e identidades ancestrais. Desenvolver instrumentos para que a tomada de decisão seja coletiva e pública, pela modificação, intervenção ou restauração, leve em conta seus direitos, obrigações e história.
22/02/2022