Por: Educação e Território


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O jovem empreendedor Luan Torres cresceu e viveu a maior parte da sua vida em São Bento do Una, no interior de Pernambuco. Ele recorda que na infância, muitos dos seus colegas de escola encontravam nela um espaço de garantia de direitos básicos: “Morei sempre em um dos bairros mais pobres da cidade e tinha amigos que iam para a escola só por causa da merenda.”

Mais velho, Luan notou que nesses mesmos territórios vulneráveis e em outros espaços públicos da cidade havia uma profusão de árvores frutíferas. Pitombas, sapotis, mangas e outras árvores típicas do Nordeste estavam à disposição para serem colhidas no pé em praças, parques, calçadas e outros lugares de livre circulação. A maioria das pessoas desconhecia a existência dos alimentos acessíveis, e as áreas verdes sofriam com descaso e desmatamento.

Foi para unir a escola como espaço de função social e esta abundância alimentícia em espaços públicos que, com apenas 17 anos, o jovem criou a iniciativa Arbo. O projeto fomenta uma rede de embaixadores em cidades do Nordeste e do Sudeste que incentivam o reflorestamento urbano e o acesso livre à alimentação, utilizando a escola como centro catalisador dessas ações.

“O Arbo é formado por embaixadores de várias cidades do Brasil. Não importa a idade, a pessoa só precisa ter uma conexão com alguma escola perto de sua casa ou ser estudante nela, e conhecer um espaço onde seja possível fazer plantio. Este embaixador ou embaixadora é treinado para aplicar os três pilares Arbo: reflorestamento urbano, sensibilização e consciência alimentar”, detalha Torres.

O projeto é uma das iniciativas da ONG Casa, criada por Torres em 2018 e reconhecida pela Ashoka Brasil como uma das cinco organizações de maior impacto social do mundo. Torres também integra a rede Ashoka de Jovens Transformadores, que congrega jovens que impactam seus territórios em todo o mundo.


Crianças são parte fundamental do Projeto Arbo. São elas que sensibilizam e ajudam a territorializar as práticas ambientais do projeto / Crédito: Divulgação

Conectando escolas e natureza

O Projeto Arbo é formado por 25 jovens de todo Brasil, que apoiam 70 embaixadores espalhados pelo país. No primeiro ano, a ideia é que esta pessoa trabalhe o conceito e a prática de reflorestamento urbano com a escola escolhida ou com o território, pesquisando o bioma local e entendendo como é possível realizar a produção de mudas e seu plantio.

O segundo pilar do projeto depende da escola como espaço de manutenção das práticas de plantio e de cuidado. Neste processo de sensibilização, as crianças e jovens envolvidos no processo se tornam responsáveis por práticas de defesa do meio ambiente a partir do contato constante com a natureza.

“Quando fazemos palestras nas escolas, as crianças e jovens começam a perceber que natureza não é aquilo, é isto, é o que está próximo de mim e o que eu posso cuidar. E quando ela acaba, as consequências estão mais próximas do que se imagina. Isso dá um senso de responsabilidade para que cada um se perceba como agente de mudança”, explica Torres.

O último pilar do projeto é o aplicativo Arbo. Os jovens embaixadores e a escola se responsabilizam por um mapeamento de árvores frutíferas em espaços públicos, enquanto a equipe Arbo entra em contato com a prefeitura quando se faz necessária alguma autorização para colheita de frutas.

“As pessoas que quiserem fazer vitamina de banana ou abacate, por exemplo, abrem o aplicativo e ele mostra onde existe fruta mais perto delas, em que época do ano esse abacate produz. Se a pessoa não tem acesso a um smartphone, a escola é um local onde esse alimento pode ser encontrado livre e gratuitamente.”

Torres enfatiza que todos os pilares do projeto Arbo precisam da participação de crianças e jovens. Ao se envolver com o plantio e cuidado das mudas nas escolas e espaços públicos, elas arvoram o processo de sensibilização, chamando a comunidade para participar.

“Na minha cidade, tem uma escola que se chama Espaço Conviver. Fizemos uma prática com eles de sensibilização e plantio de mudas. Quando voltamos depois de um tempo, percebemos que eles ainda faziam as mesmas práticas, cuidavam das mudas. Isso foi muito incrível!”, recorda Luan.


São também os jovens, em sua maioria, que participam do planejamento e traçam estratégias para o projeto / Crédito: Divulgação

Trilhas de engajamento do projeto Criança e Natureza

Esta matéria é a segunda de uma série de quatro pautas que trazem experiências e projetos que estimulam a relação entre criança e natureza, em parceria com o programa Criança e Natureza, do Instituto Alana.

É possível acompanhar uma série de conteúdos para estreitar a relação entre crianças e mundo natural se inscrevendo no site do filme O Começo da Vida 2: Lá Fora. Famílias, educadores, gestores e conservacionistas ambientais recebem uma série de três a quatro emails com dicas e práticas sobre o tema.

Acesse o site do filme O Começo da Vida 2: Lá Fora e se inscreva em uma das trilhas de engajamento.

Publicado por Moderador edukatu
das Equipes Conhecendo o Edukatu

1 Comentário

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Cláudia

Nossa esse projeto do Luan traz uma sensação de esperança para as novas gerações que o Planeta Terra ainda pode ser um lugar pra se viver nas próximas décadas.

1
0
quase 4 anos

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