Por Instituto Akatu
Andam dizendo que a palavra da vez é “interdependência” — e nós concordamos. Eventos recentes, do surto do coronavírus no mundo inteiro ao aumento contínuo do aquecimento global, evidenciam como nosso modo de vida vem colocando desafios para a manutenção não apenas da espécie humana, mas de todas que habitam a Terra.
No mês em que celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), queremos mostrar como a nossa existência está intrinsecamente vinculada à natureza. Queremos destacar como as ações humanas, da produção ao consumo, impactam diretamente a biodiversidade do planeta.
Por isso, nos unimos à ONU Meio Ambiente na campanha Hora da Natureza, criada especialmente para o Dia Mundial do Meio Ambiente de 2020. Ela ressalta que estamos no ano em que o alarme da biodiversidade soa mais alto. Para alcançarmos a meta estabelecida por líderes mundiais para 2050 de viver em harmonia com a natureza, será necessário garantir que pelo menos 30% das nossas terras e oceanos estarão protegidos até 2030. Portanto, temos uma década para agir!
Atividades humanas como o uso insustentável da terra e do mar, a exploração de ecossistemas e o desmatamento recorde estão causando a degradação da biodiversidade em uma escala sem precedentes. É urgente a migração para estilos de vida em que o cuidado com a natureza esteja no centro da tomada de decisões.
Para isso, é necessário que governos, empresas, ONGs e sociedade civil trabalhem juntos na disseminação do quanto é importante a biodiversidade para a nossa sobrevivência e da vida no planeta como a conhecemos. Precisamos que cada um que vive neste planeta e dele depende faça a sua parte.
– Criamos um padrão de produção e consumo que exige mais do que o planeta pode entregar. Hoje, extraímos 75% mais recursos do que a Terra consegue regenerar ao longo de um ano. Isso impacta negativamente os ecossistemas existentes: 1/3 das ameaças à biodiversidade está associado justamente à produção para o comércio internacional de bens e serviços.
– Também para atender à demanda de produção e consumo, desmatamos nossas florestas em nível bastante preocupante. A cada ano, perdemos 17 milhões de hectares de matas tropicais sobretudo ao abrir espaços de terra para a pecuária e a agricultura. Hoje, o desmatamento é apontado como principal ameaça para 85% das espécies em perigo de extinção, descritas na ‘Lista Vermelha’ da IUCN – International Union for the Conservation of Nature.
– Estamos à beira de uma extinção em massa: nas próximas décadas, cerca de 1 milhão de espécies poderão ser varridas da superfície do planeta. E o desequilíbrio dessas populações impacta negativamente as cadeias alimentares, colocando em risco toda forma de vida — a humana, inclusive.
– Nossas atividades também implicam consequências às águas: 2/3 dos oceanos são impactados pelas ações humanas e a cobertura de coral vivo nos recifes caiu quase pela metade nos últimos 150 anos. Se seguirmos nesse caminho, a perda de diversidade terá implicações graves para a manutenção da vida.
– Uma simples mudança no cardápio, substituindo a carne bovina por outra fonte de proteína uma ou mais vezes na semana, faz diferença para a preservação da biodiversidade. Isso porque a alta taxa de desmatamento associada à expansão da pecuária tem impactos gigantescos na vida de diversas espécies da fauna e da flora.
– Se for consumir carne, prefira a compra de produtos certificados, que garantem uma origem sustentável, ou seja, não atrelada ao desmatamento.
– Vai comprar um produto feito com ossos, chifres ou pelos e peles de animais? Questione o vendedor se sua origem e venda é permitida no local onde você está e contribua para a preservação de animais silvestres. Caso fique com dúvida quanto à confiabilidade da informação, não compre o produto e denuncie qualquer prática suspeita às autoridades responsáveis, como o ICMBio e o IBAMA.
– Verifique, ainda, a origem de produtos feitos de madeira, como móveis e papel. Só consuma itens de fonte legal e sustentável. Você pode ter certeza disso procurando por uma ou mais de três certificações: de manejo florestal, de cadeia de custódia ou de madeira controlada. Se desconfiar da origem de um produto, use sua voz: recorra à autoridade responsável, o IBAMA.
– Mesmo em casa há como contribuir para a conservação da biodiversidade. Se tiver um quintal, considere construir nele um mini santuário com diferentes espécies de plantas. Se não tiver, leve a ideia ao seu condomínio ou espaço público na comunidade. Assim, você passará mais tempo em contato com a natureza, podendo também aprender sobre nossa fauna e flora e ajudar na sua preservação.
Para entendermos melhor a relação de interdependência entre a espécie humana e a biodiversidade do planeta e para aprendermos maneiras de ajudar a reverter o cenário de degradação a partir de nossos hábitos de consumo, vamos nos aprofundar um pouco mais em três questões:
– Por que proteger os polinizadores?
– Qual a relação entre aquecimento global e biodiversidade?
– Como a pesca atual impacta a vida marinha e a humana?
Clique em cada um deles e continue com a gente!